Ser convidado para o segundo projeto musical da Joana Castanheira, além do privilégio de atender uma artista tão fantástica, mostra que acertamos na ousadia criativa do primeiro álbum. E como já esperava, ela novamente me trouxe um conceito muito diferente, disposta a ouvir minhas opiniões e novamente criar a quatro mãos um novo projeto diferenciado.
O conceito
O EP ‘Aparador de Saudades que nunca existiram ou porta-retratos’, sim, este é o nome. Coisas que somente a Joana pode fazer para surpreender. A ideia trazida por ela como referência, seriam o estilo ‘brega’ dos discos de vinil, da década de 80 e 90, do sertanejo raiz. A pesquisa foi intensa pois não queria parecer algo forçado e mal feito. Queria recriar o estilo, como se de fato estivéssemos lá, naquela época, criando um álbum sobre a influência deste estilo criativo. A ironia deveria soar elegante. Captar o que tinha de mais belo e saudosista daqueles trabalhos. Cada fonte, cada cor, cada fotografia e tratamento foi trabalhado para alcançar o objetivo que traçamos.
Foto pintura
Com uma belíssima produção, objetos antigos e looks de época compuseram as fotos, produzidas pela fotógrafa Tainá Bernard. Além disso, queria que as fotos fossem transformadas em foto-pintura, como eram coloridas artificialmente as fotografias antigas, quando ainda era apenas reproduções em preto e branco. Busquei o maior especialista neste tipo de fotografia, no interior de Pernambuco. Infelizmente não conseguimos encaixar na agenda de lançamento, então o processo foi feito digitalmente e o resultado ficou muito interessante.
A casa da avó
Uma imagem recorrente nestes antigos LP’s, eram paisagem bucólicas de casinhas no interior. Inicialmente colocamos uma pintura para ilustrar o rótulo do disco, quando a Joana me trouxe um quadro pintado pela sua avó. Não era apenas um quadro familiar, como a casa da pintura, foi a casa em que a Joana passou grande parte da infância.