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Borck – A História

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A minha história com a Cervejaria Borck quase começou em 2005, quando recebi um pedido de orçamento por e-mail. Infelizmente o contato não resultou em nenhum projeto.

Foi somente em 2008 que sentamos para conversar, depois do horário comercial, em uma reunião descontraída, onde conheci a Michele Borck e o Luciano Martins. Ali, em uma sala apertada, ao lado dos tanques húngaros repletos de chopp, que eu iria conhecer e me apaixonar por essa fantástica história do seu Brunhard Borck, que após abandonar sua vida de bancário, pegou suas economias e viajou para a europa, decidido a comprar uma pequena cervejaria.

Foram quase 10 anos juntos, passando por um momento histórico em diversos segmentos, tanto para a tecnologia, para a comunicação, para o marketing, para a internet, para o nascimento das redes sociais, assim como também, para o mercado microcervejeiro do país. Quando a Eisenbahn,  fundada pelos irmãos Mendes, começou suas atividades em 2002, a Borck já possuia alguns anos de existência. Um projeto muito mais amador e com menos capacidade de tração que a proposta da cervejaria blumenauense, que iria se tornar, como seu nome já sugeriria, uma locomotiva na difusão desta cultura no Brasil.

Hoje, olhando para trás, parece tudo muito prático, mas era um território inóspito, a tentativa de produzir chope artesanal no interior de Santa Catarina. O mercado das grandes grupos de cervejarias nacionais, não apenas dominavam o consumo do país, como detinham toda a cadeia produtiva. Era quase impossível conseguir insumos em 1996.

O Festival Brasileiro da Cerveja nem existia e a febre de cervejas artesanais ainda não era uma realidade, nem mesmo no horizonte distante. A primeira edição, para se ter uma ideia, tinha menos de 10 marcas catarinenses. A cultura da cerveja artesanal era tão pouco difundida, que quando a Borck inaugurou em 1996, com uma cerveja de alta fermentação (as mais queridinhas hoje em dia), foi obrigada a mudar a formulação para uma cerveja da família Lager, o estilo Pilsen.

Foi exatamente no ano em que inicio meus trabalhos com a Borck, que a Eisenbahn é adquirida pelo Grupo Schin, que já havia adquirido a fluminense Devassa, a pernambucana Igarassu (da cerveja Nobel) e a paulista de Campos do Jordão, Baden Baden. Foi justamente com estes investimentos em cervejas especiais, que o mercado começa a aquecer no Brasil. Era uma estratégia interessante. Observando o crescimento vertiginoso em outros países, da cultura de consumo de cervejas especiais, com as críticas levantadas sobre a qualidade das cervejas populares brasileiras, ter em seu catálogo uma marca artesanal e que seguia os padrões de pureza da cerveja, era como dizer aos clientes: “Nós sabemos fazer boas cervejas, são vocês que querem tomar cervejas ruins e baratas”.

Em 2011 o grupo Schincariol é vendido para os japoneses da Brasil Kirin.

Em 2017 é a Brasil Kirin que é vendida para o grupo holandês da Heineken. Com todas estas aquisições, a Heineken se torna a segunda maior produtora de cerveja do país, atrás apenas da Ambev, braço da AB InBev, a maior produtora do mundo. E aquilo que começou timidamente, como algo artesanal, voltou para as mãos daqueles que sempre detiveram a esmagadora fatia do mercado.

Este ano, quem resolveu entrar para o mundo cervejeiro é ninguém menos que Bill Gates. O inventor do Windows comprou quase US$ 1 bilhão em ações da Heineken. Há quem se lamente, em ver estas marcas nas mãos de empresas globais. Há quem possa defender, que sem os gigantescos investimentos destes grupos de investimentos, a cultura de cervejas especiais não teria o tamanho que tem hoje.

Quero apresentar um pouco desta pequenina história, diante destas mega corporações, através das artes que desenvolvi ao longo destes anos e que marcaram o microcosmos da minha vida.

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